Reminiscências
Este documento trata de registrar alguns fatos pertinentes à Casa Senhora do Carmo.
Conversando com a equipe de Vice-Diretores da Casa, concluímos que apenas eu, Angela Cantarino sou o último dos indivíduos que ainda mantém algumas lembranças da mesma no tocante a atuação de dona Maria do Carmo, sua fundadora.
Em decorrência desta constatação e sendo chamada de a “última dos Moicanos” estimularam-me a fazer estes registros. Portanto, assim o farei, tentando ser o mais fiel possível com as minhas lembranças que remontam desde o ano de 1955, quando contava apenas com cinco anos de idade e compareci à Casa junto de meus pais.
Dezembro de 1955.
Pelo que pude perceber a época, minha mãe estava prestes a dar a luz ao meu irmão. Porém dentro das limitações de uma criança, nada de preocupante foi percebido por mim. Anos mais tarde, já uma adolescente, soube da verdadeira história. Ei-la: Apesar de já ter concluído os nove meses de gestação, toda vez que minha mãe entrava em trabalho de parto, muito rapidamente, questão de minutos, tudo voltava “à estaca zero”. Estes episódios se repetiram com grande frequência. Como à época não era comum lançar mão de um Parto Cesário, os médicos diziam que ela havia errado nas contas e que certamente não estava na hora de a criança nascer. Muito cuidadosa, minha mãe tinha tudo anotado, desde o primeiro momento em que foi examinada pelo Obstetra no início da gravidez. Sentia-se muito mal nestes momentos de trabalho de parto com contrações e perda de líquido amniótico (em pouquíssima quantidade, SIC), sentia dores e mal conseguia se alimentar. Já havia perdido cinco quilos. Em certo dia ouviu, durante estes momentos de “crise”, sons de gargalhadas. Assustada, procurou a fonte e não encontrou. Alguém lhe disse que poderia ser magia negra que a estava perturbando e indicou a Casa Senhora do Carmo para uma consulta com Paraguassú, Espírito Mentor de dona Maria do Carmo.
Assim que chegou, foi chamada a entrar na Sala de Consultas com a máxima urgência. Examinada por Paraguassú que imediatamente chamou meu pai e pediu-lhe que levasse a médium, ainda incorporada por ele, até a sua residência e, que levasse consigo um martelo e um formão.
Um esclarecimento: Meus pais haviam informado durante o atendimento que recentemente haviam realizado uma obra de troca do piso do quarto deles.
Continuando: Minha mãe permaneceu no interior da Casa Senhora do Carmo enquanto Paraguassú com dona Maria seguia para a nossa casa. Lá chegando, Paraguassú mandou que meu pai removesse a cama deles do lugar e no piso na altura da cabeceira, retirasse todo o assoalho (ele apontou exatamente o local de onde deveria ser retirado o material).
Assim que o piso foi retirado surgiu um embrulho muito bem amarrado com corda de aproximadamente dez centímetros quadrados. Paraguassú pegou o embrulho e solicitou que retornassem com a máxima urgência para a Casa Senhora do Carmo. Lá chegando, levou todos para o Terreiro, chamou alguns médiuns que lá se encontravam, abriu o embrulho e queimou o seu conteúdo. Virou-se para meu pai e disse: Sua esposa discutiu desnecessariamente com a sua vizinha de frente, inclusive ofendendo-a. Esta, muito ferida, recorreu à magia negra e pagou ao pedreiro que trabalhava em sua casa para que o mesmo enterrasse esta “encomenda”. Em verdade ela desejava que vocês recorressem a ela pedindo ajuda, já que se trata de uma Técnica de Enfermagem, momento este em que faria com que sua esposa lhe pedisse perdão.
Perdoem-na, pois se trata de uma pessoa infeliz e rancorosa. Virando-se para meu pai disse: Leve a sua mulher ao Hospital Antônio Pedro o mais rápido possível, pois o menino está para nascer.
De fato, nasceu uma criança pós-matura, de unhas grandes, cabelos fartos e grandes pesando cinco quilos e trezentas gramas. Bem saudável veio ao mundo em questão de duas horas, pois foi preciso o uso de Fórceps Obstétrico devido ao seu tamanho, cinquenta e oito centímetros.
Um aparte: Hoje, quando recordamos destes momentos dizemos que ele nasceu com um violão debaixo do braço cantando: Daqui não saio daqui ninguém me tira. Rs. Alguns meses após estes eventos quase trágicos, meus pais resolveram comparecer a Casa e solicitar uma consulta com Paraguassú. Lá chegando, tive uma visão extraordinária: uma jovem senhora, de cabelos loiros, pele muito branca, de porte altivo, sorridente, trajando um belo vestido branco com flores pequeninas na cor vermelha, saia bem rodada, sandálias de salto e de tirinhas vermelhas que ao me olhar, veio em minha direção e disse: você virá para cá daqui a uns bons anos. Tratava-se de dona Maria do Carmo incorporada por Paraguassú. Jamais esqueci aquele dia. Minha emoção ao vê-la tão próximo de mim fez com que a sua imagem se fixasse em minha memória até aos dias atuais.
A partir de então, passamos a frequentar com assiduidade aquele Templo de Luz. Confesso que não apreciava muito ter que ficar sentada em um banquinho e ter uma pessoa atrás de mim, a me rezar (na verdade era o Passe e a pessoa o médium), desconfiada ficava a vigiar o que eles faziam parados ali atrás das pessoas, coisas de criança, dizia dona Maria.
Passado algum tempo, meus pais resolveram se inscrever na Escola de Médiuns da Casa e posteriormente passaram a integrar o seu corpo mediúnico. Nesta época, eu já contava com nove anos de idade. Época esta em que Paraguassú avisou a meus pais para terem muito cuidado comigo, pois muito levada e agitada, poderia passar por algum momento grave. Não deu outra! Dias após, soltando pipa no telhado de minha casa, caí de lá (uns quatro metros) exatamente de costas dentro da cisterna da casa que no momento minha mãe acabara de destampar. Foi grande a proteção, pois cai dentro d’água batendo com a região posterior da cabeça em sua borda. Resultado, fratura de crâneo e muita bronca.
Outra feita despertei pela manhã com fortes dores de cabeça e no peito, febre muito alta, dor de garganta e muita fraqueza ao caminhar. Conduzida ao Pediatra fui medicada e retornei para casa. Nesta época já contava com onze anos de idade. Por mais duas vezes fui atendida pelo Médico que diagnosticou Crupe, Amigdalite. Solicitou alguns exames laboratoriais e constatou doença reumática. Por mais de quinze dias e muitas idas ao Pediatra fizeram com que meus pais se preocupassem muito, pois eu estava magérrima e desfalecendo, ou seja, tendo pequenos desmaios várias vezes ao dia. Seguiram para a Casa Senhora do Carmo e imediatamente Paraguassú incorporou em dona Maria e ao colocar a mão em meu peito disse: Esta criança está com Endocardite Bacteriana e prestes a desencarnar. Levem-na ao Hospital Antônio Pedro e procurem pelo Dr. Fulano (não me recordo de seu nome) e diga que fui eu quem os enviou. Assim foi feito e, após mais de um mês na UTI, renasci.
Com o tempo fui conhecendo alguns momentos em que dona Maria com Paraguassú atuou, como por exemplo: Procurados por um senhor, souberam que se tratava de um grande comerciante na Cidade de Niterói. Pessoa socialmente muito conhecida e, que de um dia para outro, estava perdendo todos os seus bens além de assistir a sua esposa definhar a olhos vistos. Nenhuma doença foi diagnosticada pelos médicos e quanto às suas empresas, uma devassa avançava através da ação dos órgãos públicos de fiscalização.
Em consulta com Paraguassú, foi detectada uma forte ação das Trevas demandada por uma das funcionárias deste senhor, a qual havia sido demitida por justa causa, embora na verdade, esta estivesse desviando recursos financeiros das empresas em grandes quantidades. O patrão a demitiu sem fazer alarde e sem leva-la à justiça, apenas a advertiu, pagou todos os seus direitos trabalhistas e a demitiu sem carta de aviso prévio e de recomendação, a qual foi intensamente pleiteada pela mesma. Sentindo-se ferida e não reconhecendo os cuidados com a sua vida e moral com que fora tratada pelo patrão, buscou uma tenda de Goécia (magia negra) e providenciou um verdadeiro desastre na vida daquele senhor e de suas empresas. Também lançou boatos sobre a idoneidade do patrão e publicamente o denunciou por assédio moral. Pronto! Estopim aceso!
A vida deste homem virou de “cabeça para baixo”. Em total desespero procurou a Casa Senhora do Carmo.
Detectada a origem do problema, dona Maria convocou sete Médiuns e um Cambono e marcou uma ação para o dia seguinte, a qual consistia em um encontro da equipe na Praia de Charitas no Bairro de São Francisco em Niterói, às cinco horas da manhã. Ordenou que todos estivessem paramentados com os uniformes da Casa e que não revelassem nada a ninguém, até mesmo aos seus familiares e amigos, sob pena de suspenção de suas atividades na Casa.
Chegada a hora aprazada, lá estavam todos. Orientados para que se mantivessem em concentração, de mãos dadas e em prece e, que não se assustassem com o que iriam presenciar. Em hipótese alguma poderiam negligenciar de tal orientação.
Paraguassú incorpora em dona Maria e entra mar adentro caminhando lentamente. O mais assustador foi que se passaram dez minutos e ela sob as águas sem dar sinal de vida. Logo em seguida, eis que surge dona Maria, ainda com Paraguassú incorporado, puxando uma grossa corrente de ferro e em sua extremidade, afixado um enorme baú também de ferro, de aproximadamente cinquenta por trinta centímetros de tamanho.
Entregou a “encomenda” aos médiuns e ordenou que se dirigissem à Casa imediatamente.
Lá chegando, mandou que convocassem o senhor (vítima da maldade). Depois de todos reunidos, Paraguassú abriu (com extraordinária força) o baú e retirou o que havia dentro: um vestido da esposa dele, um relógio de pulso de sua propriedade, um papel contendo os nomes dos integrantes de sua família, filhos, noras, netos e esposa, além do dele. Uma vela preta, outra vermelha, fitas vermelhas, verdes e marrons, pembas de várias cores, um pedaço de carne crua, uma garrafa de vinho, outra de champanhe e duas de cachaça. E, por último, caixas de fósforo, cal e uma miniatura de caixão com um boneco em seu interior. Tudo disposto sobre a mesa foi retirada a energia que as mantinha ativas, destruídas todas as peças e encaminhadas para incineração, doutrinados todos os obsessores ligados ao trabalho de magia e liberado o senhor empresário.
Dias após, o poder público constatou nada haver de ilícito nas contas e nas atividades das empresas, dando ao senhor a devida oportunidade do recomeço.
Interessante dizer: em momento algum este senhor se colocou como vítima e, mesmo sabendo de toda a verdade sobre as ações de sua antiga funcionária, nada fez contra ela a não ser, perdoá-la. Meses depois, em viagem de lazer, estando na Europa, adquiriu em Portugal uma imagem de Nossa Senhora do Carmo, levou-a a Itália, mais precisamente ao Vaticano e solicitou ao Papa que a benzesse. Em retorno ao Brasil, doou a imagem a Casa. Esta estátua encontra-se até hoje em nosso nicho sobre a Mesa de Trabalho no Salão principal de nossa Instituição.
De outra feita, dona Maria foi procurada por um representante político em Niterói de muita popularidade. Por estar passando por graves doenças em seu lar a qual atingira sua esposa e ao casal de filhos e que, apesar de ser médico, não conseguia ajudá-los. A cada suposto diagnóstico, outra patologia se apresentava e agravava o quadro de doenças já existentes. Entrando em total desespero, procurou por ajuda em nossa Casa. Paraguassú o ouviu atentamente e perguntou se ele havia cuidado das instalações hidráulicas de sua residência. Ao que o mesmo respondeu dizendo que recentemente havia realizado uma obra de manutenção em toda a estrutura não detectando qualquer anormalidade. Paraguassú então lhe disse: Vá até aquele quartinho que se localiza no final de seu terreno, retire uma tampa de ferro que está apoiada na parede esquerda de quem entra e você notará uma enorme mancha na parede. Quebre esta parede e constate o vazamento de esgoto do banheiro de serviço diretamente em sua cisterna a qual abastece a sua casa de água. Lá está a causa de tudo.
Um pouco incrédulo, o médico fez exatamente o que havia sido orientado por Paraguassú e constatou que as informações estavam corretas. Demandou esforços em refazer as instalações a qual contribuiu para recuperação da saúde dos seus. Muito agradecido, quis pagar de qualquer jeito, o que certamente não foi aceito. Então fazendo uso de suas prerrogativas políticas, trocou o nome da rua onde se localiza a nossa Casa de Rua UM para Travessa Nossa Senhora do Carmo.
Muito importante relatar que Paraguassú através da mediunidade de incorporação, junto a dona Maria do Carmo, atendia duas vezes por semana aproximadamente de oitenta a cem pessoas em apenas um dia. À época, creio na década de sessenta (início) não existiam planos de saúde nem assistência pública ampla às pessoas. Na verdade existiam setores de atendimento a saúde como as Unidades ou Centros Estaduais de Saúde os quais atendiam aos funcionários e aos seus dependentes, assim como alguns hospitais Federais que atendiam aos seus funcionários e assegurados. Na Cidade, apenas o Hospital Antônio Pedro é que respondia pelo atendimento irrestrito à população. As pessoas mais carentes ou não asseguradas pelas relações trabalhistas recorriam às Benzedeiras e aos atendimentos realizados por Farmacêuticos, que naquela época eram os que atendiam aos fregueses nas farmácias. Não existiam programas de saúde pública amplos de atendimento à população. O que existia de gratuito era a vacinação Antivariólica e a Sabin, contra Poliomielite e a BCG contra a Tuberculose. Outra assistência gratuita promovida pelos órgãos públicos eram os Asilos para tratamento da Tuberculose e os Hospitais Psiquiátricos.
Assim nos colocamos, para que possam entender como eram as consultas realizadas na Casa. A demanda semanal ultrapassava trezentas pessoas e Paraguassú as atendia sempre com calma e muita paciência. As pessoas adoravam estar com ele. Este grande médico, atendia, examinava, diagnosticava e prescrevia medicamentos que eram transcritos em receituário próprio da Casa. Todos os Farmacêuticos da região conheciam Paraguassú e aviavam as suas receitas sem questionar. Assim, a fama de Paraguassú cresceu tanto que ele passou a dar consultas mais duas vezes por semana num total aproximado de quinhentas pessoas. Os Hospitais da Cidade, através de seus Diretores e Médicos, também o conheciam e atendiam as suas demandas e encaminhamentos sem questionar. Exatamente como foi no caso já relatado de minha mãe e do meu.
Dona Maria do Carmo morava na mesma travessa em que se encontrava a Casa, que na época de sua fundação a 02/01/1942, chamava-se Tenda Espírita Umbandista Nossa Senhora do Carmo. Com esta proximidade, uma frente à outra, a vida desta mulher tronou-se bastante agitada, pois a qualquer hora era procurada em um ou em outro local, o que a deixava tensa, pelo fato de ter três filhos adolescentes e um esposo, o Sr. Cabral que a ajudou estando ao seu lado desde a descoberta de sua mediunidade até a compra dos dois lotes, em frente a sua residência para instalar o Centro Espírita. Então, Paraguassú frente a constatação das dificuldades de sua médium, criou um Grupo Especial de Médiuns, os quais passaram também, através da mediunidade de incorporação, a dar consultas com os seus Mentores espirituais. Formou-se, então, a“ Equipe de Paraguassú”, composta por: João Godoy, Alesio Mainier, Antônio Rocha, Antônio Luso (meu pai), Silvia (Cambona), Ercílio Costa e as irmãs Hilda e Zilda da Silva.
Com esta medida, a vida de Dona Maria tornou-se mais calma e assim pode reorganizar o seu dia a dia, porém, ainda com extremada dedicação à Casa.
Casos como os que aconteceram comigo, aconteciam com frequência e Paraguassú tinha solução para todos. Alguns destes, também apresentavam envolvimento espiritual e o paciente também era tratado nas atividades religiosas da Casa sendo a Sala de Cura inaugurada nesta década, na qual, também ele atuava. Até hoje a Sala de Cura é mantida na Casa e muitas curas têm sido alcançadas através de suas ações de Luz.
Certa vez, estava dona Maria no carro de meu pai juntamente com mais quatro integrantes da “Equipe de Paraguassú,” dirigindo-se ao “Ranchinho de Paraguassú” em Cachoeiras de Macacu, quando em dado momento ela solicitou que o carro parasse em determinado local do acostamento. Virou-se para meu pai e para João Godoy e disse: Paraguassú estará aqui em breve e pede que vocês o acompanhem a determinado local. Assim, incorporada por Paraguassú e seguida pelos dois médiuns, dona Maria entrou mata adentro, caminhando por veredas fechadas pela mata densa. Após dez minutos de caminhada, avistaram um casebre. Então Paraguassú disse: entrem naquela casa e me tragam o velho homem que está próximo ao desencarne, acomodem-no no veículo e levem-no ao Hospital mais próximo. Lá chegando digam que foi a mando de Paraguassú do Ranchinho e eles o aceitarão sem rodeios.
Assim foi feito e de retorno à estrada, dona Maria disse: aquele senhor foi abandonado por sua família. O deixaram à beira da estrada para morrer. Deram-no como desaparecido e depois apresentaram uma testemunha que relatou que o mesmo havia caído no rio e morrido sendo levado pela fúria das águas em noite chuvosa. Isto motivado pela imensa herança que receberiam após a sua morte. Este homem caminhou pela mata e encontrou este casebre onde se alojou, vindo a adoecer mais de dor e mágoa do que por doença do corpo. O nosso trabalho foi o de mostrar a ele que não estava só, que Deus zelou por ele trazendo o socorro necessário.
O Ranchinho de Paraguassú era um “braço” da Casa Senhora do Carmo. Localizado no Município de Cachoeiras de Macacu, às margens do rio de mesmo nome era a sub sede da Casa. Uma vez por mês, dona Maria para lá se dirigia com a sua equipe, além de Dr. Zurick Rossi, abnegado Médico Generalista e Cirurgião Torácico, uma Cirurgiã Dentista, duas Enfermeiras, uma Assistente Social e mais outros médiuns. Chegavam ao local na sexta-feira pela manhã e retornavam para Niterói no domingo após o almoço. Neste espaço de tempo, atendiam a um grande número de pessoas, distribuíam medicamentos, apensavam feridas, entregavam cestas básicas e à noite era realizado o Expurgo Geral dentro do Rio Paraguaçu. No domingo pela manhã, ainda atendiam a mais alguns necessitados, e distribuíam um almoço, que era preparado por ela, tanto para os médiuns quanto para quem lá estivesse. Era uma “festa” para todos. Ao retornarem para Niterói, dirigiam-se ao Centro e oravam em agradecimento.
O Ranchinho de Paraguassú funcionou até final da década de noventa. A Casa Senhora do Carmo a época estava com sérios problemas estruturais em sua sede, como também, por motivos outros, sem reserva financeira para a sua recuperação predial. Com o falecimento da grande maioria dos médiuns da época de dona Maria, poucos apresentaram condições físicas e financeiras para a manutenção das atividades naquele local. Abandonado, quase ruiu totalmente em uma enchente do Rio Paraguaçu. Foi então que o Médium Ercílio Costa e sua esposa Geni formularam uma proposta de compra do imóvel. Sendo acertado com a Diretoria da Sede, o recurso financeiro da venda, foi aplicado na recuperação parcial da Casa e as dívidas saudadas.
Na década de setenta, após o desencarne de dona Maria (final de 1962) um dos médiuns mais antigos da Casa, Mineirinho, foi transferido, por motivos de trabalho, para o município de Casimiro de Abreu. Com a autorização do Dirigente, fundou um Centro de nome Casa de Umbanda Nossa Senhora do Carmo como sub sede da de Niterói. Esta Casa funcionou até o desencarne de Mineirinho, sendo, por decisão de sua diretoria, transferida a sua propriedade para a sede, ou seja, para a Casa Senhora do Carmo.
Lá também, uma vez ao mês, vários médiuns da sede para lá se dirigiam e participavam do Expurgo Mensal.
Hoje, a sede desta foi demolida por falta de manutenção e encontra-se a venda. Todo o lucro será revertido à Casa Senhora do Carmo para manutenção de suas ações sociais. A Casa Senhora do Carmo a época de dona Maria, foi responsável pelos atendimentos a milhares pessoas carentes, com distribuição de alimentos. Certa vez, após uma devastação na Cidade em decorrência de fortes temporais aonde várias casas de pau a pique vieram abaixo nas enxurradas, dona Maria decidiu fazer uma coleta ampla de alimentos, fazendo com que os médiuns que eram possuidores de veículos fossem de casa em casa a solicitar alimentos para serem distribuídos. A respeitabilidade alcançada pela Casa era tal, que em menos de dois dias já haviam direcionado para lá cerca de quarenta toneladas de alimentos. Desta forma, foi realizada uma divulgação e no dia aprazado, surgiram tantas pessoas que foi necessário a distribuição de senha e manter os portões fechados, só abrindo para entrada de pequenos grupos por vez. Foi então, que um casal, por desespero e com receio de não conseguir receber os donativos jogou literalmente, seus dois filhos de dois e quatro anos por sobre o muro, que contava com três metros de altura. A sorte foi que as crianças caíram sobre a fila daqueles que já se encontravam no lado interno e amorteceram as suas quedas. Contam que dona Maria abriu o portão e perguntou quem eram os pais daquelas crianças. Quando a mãe se apresentou ela segurou a mulher pela orelha, tal qual uma criança e passou-lhe uma carraspana tal que a mesma só sabia pedir desculpas. Retornou com os filhos para fila de espera e, dentro de meia hora foi atendida. Dizem que o povo que estava do lado de fora aplaudiu a bronca de dona Maria e ninguém se atreveu a cometer qualquer desatino.
Assim era dona Maria, muito amiga, carinhosa e calada. Mas, fizesse alguém alguma asneira, ela virava “bicho”, ninguém se atrevia a retruca-la. Não deixava barato, mandava logo cumprir alguma árdua tarefa e que se utilizasse o tempo para repensar as ações cometidas. Meu pai que era um verdadeiro machão dentro de casa de tão severo, na frente dela virava um cordeirinho. E, ai dele se resolvesse responde-la. Tanto ele quanto os demais médiuns destinavam-lhe sincero respeito e tanto amor que a tratavam por “mãezinha”.
Do ano de 1942 ao ano de 1962, dona Maria junto com Paraguassú esteve à frente da Casa. Neste período as atividades da Casa eram: Desobsessão de Terreiro duas vezes por semana, Passe às quartas-feiras, Aconselhamento Espiritual as segundas e Cura as sextas-feiras. Consultas com Paraguassú em todas as manhãs de terça, quinta e sexta-feira e, aos sábados, duas vezes ao mês, consulta médica com Dr. Zurick Rossi, com distribuição de medicamentos e de cestas básicas e atendimento dentário, no qual também eram confeccionadas e entregues próteses dentárias gratuitamente. A Casa até aos dias atuais, jamais cobrou financeiramente pela prestação de suas atividades. O que se pedia e até hoje assim o faz é solicitar a doação de alimento não perecível para que possa ser distribuído aos necessitados assistidos pela Casa.
Dona Maria contava com uma grande equipe de apoio. Além do Corpo Mediúnico composto de aproximadamente quarenta Médiuns, faziam parte desta estrutura, os quais atuavam gratuitamente em favor da Casa, Advogados, Contadores, Administradores, Empresários e muitos voluntários. Este último grupo foi o responsável por dar à Casa um caráter Institucional, formalizando a sua implantação e manutenção com a criação de um amplo Estatuto, de um Regimento Interno, com registros civis obrigatórios, com formalização de um quadro de atividades que compunham um Organograma e regulamentando as Eleições de Diretoria e do Conselho Fiscal. Todas as ações desta equipe eram e são até aos dias atuais, voltadas apenas para a gestão material da Casa, quanto a gestão Religiosa, existem equipes treinadas para tal sob o Comando de Pedro kerjan, (este é o Chefe máximo da Casa).
Esta equipe de gestão material permanecia também sob o comando de Diretor Geral e Religioso da Casa que era dona Maria. Assim ela tomou a decisão de criar uma ação jurídica de proteção da Estrutura predial da Casa, que a tornou dona de si mesma. A Casa jamais poderá ser vendida ou herdada por parentes de dona Maria. O arcabouço jurídico em que ela foi inserida a torna protegida para sempre.
Como funciona esta hierarquia de comando? Quanto a parte material, esta é mantida para que seja dada agilidade e infraestrutura para as atividades religiosas. É formada por uma Diretoria e Vice-Diretoria além das Chefias de Departamento como: Manutenção Predial, Ação Social, Compras, Contabilidade, Direito, Almoxarifado, Departamento Médico, Farmácia e Conselho Fiscal. São realizadas bianualmente eleições para este contingente, podendo ocorrer reeleição por mais uma gestão. Para tal são necessários convocações de Assembleia de Sócios e comunicação ao Público através do Diário Oficial do Município além de ampla divulgação interna para inscrição de Chapas e divulgação de suas metas de atuação.
Quanto à gestão religiosa não há eleições e nem a participação do Corpo Mediúnico e ou de Assembleia de Sócios. Durante o ano, são realizadas a portas fechadas, três reuniões denominadas Sessão de Guia, tendo como participantes obrigatórios, os integrantes da Diretoria material e os Vice-diretores religiosos, podendo também, ser convocado um ou outro médium de acordo com o tema a ser discutido. Quem dirige esta reunião é o Espírito Pedro Kerjan, o qual atualmente é o responsável pelo Departamento da Regeneração da Colônia Espiritual Nosso Lar, além de ser o Dirigente Máximo da Casa Senhora do Carmo. É ele quem nomeia o Diretor Geral e Religioso da Casa. Este Diretor é o seu representante aqui na Terra, o qual está colocado imediatamente abaixo de sua autoridade. Este Diretor responde por todas as questões materiais e religiosas da Casa, sob a orientação de Pedro kerjan.
Nesta cadeia de comando está o Espírito Paraguassú, fundador da Casa junto com Pedro Kerjan, o qual assume a Proteção Espiritual da mesma. Paralelo a este Espírito está o Mentor que trabalha através da incorporação com o Diretor Geral e Religioso, que no caso, hoje é composto por mim Angela Cantarino e pelo Caboclo Tibiriçá, há aproximadamente quarenta anos. Esta dupla exerce o comando da Casa aqui na Terra, ela assumindo as duas áreas, a material e a espiritual e ele a parte espiritual.
Neste contexto de proteção existe também uma Falange que responde pela segurança espiritual da Casa que é denominada de Falange de São Jorge. Cada médium atua também com um Chefe de Equipe que em sua maioria são denominados de Guardiões os quais têm a sua própria equipe espiritual de trabalho.
Certa tarde estava eu a conversar com alguns médiuns sobre a minha preocupação em não conseguir mais informações a respeito das atuações de Paraguassú e de Dona Maria do Carmo frente a Casa, quando uma jovem se aproximou e perguntou se o Dirigente da Casa estava presente. Certamente que me apresentei e muito feliz ouvi a jovem se apresentar: Olá, meu nome é Giovana e eu sou tataraneta de Dona Maria do Carmo e vim aqui para conhecer o Centro que ela fundou. Minha alegria foi imensa! Após conversarmos longamente, pude constatar a relação dela com Dona Maria e com o Sr. Rodrigo Erthal Cardoso de 48 anos, bisneto de nossa fundadora e avô de Giovana, com o qual eu já vinha mantendo contato telefônico. Nesta oportunidade também firmei relação com o neto de Dona Maria o Sr. Raul Pereira Cardoso, hoje com 71 anos de idade. Na oportunidade solicitei aos dois que me repassassem informações sobre Paraguassú e sua médium. Algo que pudesse contribuir com esta empreitada de recuperação histórica da Casa Senhora do Carmo. Assim, com a permissão de seu neto Raul, transcreverei na íntegra o seu relato:
Bom dia Angela. Que bom poder conversar com você e saber do belo gesto de resgate sobre o trabalho e o legado da minha avó, querida de sempre. Apesar da nossa idade avançada, você com 74 e eu com 72, ainda temos algumas lembranças de infância, esse fato que você relatou que a vovó estava em trabalho incorporada e foi até a Praia de Charitas em São Francisco, e entrou na água e mergulhou trazendo um saco de estopa (no caso meus pais me contaram que se tratava de um baú) com diversos objetos (trabalho), e retornou com o mesmo para o Centro e junto com Paraguassú, desfez o trabalho de magia que ali se encontrava, é verdade sim. A outra história de que um Prefeito de Niterói à época mudou o nome da rua em homenagem a ela e passou a chamar de Travessa Nossa Senhora do Carmo, também é verdade.
Papai também me contou que em certo dia de trabalho no Terreiro ela estava incorporada com o nosso Pai Paraguaçu, estava de joelhos, quando uma pessoa para se certificar de que ela estava realmente incorporada e que era médium inconsciente, enfiou uma agulha de crochê no braço dela. E, ela só veio a descobrir a presença da agulha após a conclusão dos trabalhos já na mesa para fazer a oração quando percebeu que algo lhe incomodava no braço e sentiu o sangue escorrendo. Papai comentou que ela não quis procurar saber quem foi o responsável por aquilo, por aquela barbárie.
Eu tenho vagas lembranças dela, pois eu morei numa casinha nos fundos do Centro, até os meus 6/8 anos de idade. Ela morava na casa da frente, do lado tinha um bambuzal, bem ao lado do Ambulatório Médico do Centro. Encostado ao pé de Aroeira que foi plantado pelo meu avô Alcebíades Cabral, junto ao Altar do Terreiro havia um quadro de Nossa Senhora do Carmo. E a Mesa forrada com uma toalha branca, sempre com flores que ela gostava muito, principalmente Lírios do Vale. No fundo do Terreiro uma foto de Pai Paraguaçu.
Recordo-me também que por diversas vezes mesmo à noite batiam no portão. Era gente passando mal, moradores de rua às vezes com ferimentos pedindo ajuda e ela na mesma hora levava para o Ambulatório e fazia curativo e dava medicamentos. Nunca deixava de atender a ninguém.
Quando ia chegando o inverno ela fazia campanha de roupas de frio, de alimentos, agasalhos e cobertores, e fazia distribuição através de senhas.
No dia de Cosme e Damião fazia saquinhos de doce e no Natal, me lembro de que chegava caminhão para descarregar doações, tipo brinquedos, bolas de borracha vermelha, bonecas de plástico, carrinhos de madeira, e tudo era descarregado no pátio do Centro.
Ela demonstrava alegria no olhar!
Ela ficava no Portão fazendo a distribuição dos presentes e alimentos, tudo muito organizado. A fila descia pela Rua Vereador Duque Estrada.
Era uma felicidade grande para ela!
Ela tinha muitos colaboradores de influência política e de pessoas afortunadas que muito contribuíam com as suas ações de caridade.
Não sei se você tem conhecimento que ela também dava assistência ao outro Centro em Boca do Mato, no Ranchinho de Paraguaçu em Cachoeira de Macacu que ficava em frente à entrada do Bairro Castalha. O Centro era do outro lado do rio, tinha que atravessar uma pinguela de madeira e corda. Lá tinha um Terreiro e eram executados trabalhos mediúnicos. Ela gostava de tomar banho no rio, mas, com gente ao seu lado, e gostava de colher os ramos dos Lírios do vale para enfeitar a casa que ficava toda perfumada.
Certa ocasião ela escorregou na pinguela e caiu no rio, por sorte, por ser uma pessoa forte, nada sofreu de grave, só teve uma luxação na perna. (eu mesma, já adulta, ia ao Ranchinho uma vez por mês e atravessava por esta pinguela que era bastante frágil). Até que em um dia de forte temporal as águas do rio a levaram e conseguimos que fosse construída uma ponte mais segura que existe até hoje. (Creio que isso se deu aproximadamente em 1990.)
Papai me contou que numa das idas a para Boca do Mato ela estava indo lá pro Ranchinho, que ela ia com o Sr. Edmardo, o motorista dela (na verdade quem dirigia para ela o meu pai Luso), quando chegou à altura de Papucaia, com a estrada muito estreita, quando passando muito próximo de um enorme barranco, caiu no capô do carro em que ela estava uma vaca, por sorte sem danos materiais no carro.
Ela gostava também de bichos, papai disse que ela chegou a ter um filhote de onça. Recordo-me que quando eu morava aí no Centro, ela tinha um Pastor Alemão de nome Sansão, e um Mico Estrela que era o xodó dela.
Ela fazia questão que nos dias de Terreiro eu estivesse presente, tenho muitas saudades disso. Dos Passes que eu recebia do Pai Paraguaçu e de todos os queridos vovós e vovôs com alegria e ternura, muitas saudades…
Lembro com tristeza os últimos dias de vida dela, em cima de uma cama de hospital. Papai a levou para morar com a gente, montou um quarto com cama hospitalar e balão de oxigênio, mas com o tempo a situação dela piorou muito com a diabetes e o derrame, que teve que ser transferida para o Hospital, quando veio a desencarnar com a benção de Deus.
Angela. Espero ter ajudado com essas poucas informações. Se eu puder ajudar estou à disposição. Obrigado mais uma vez pelo trabalho que você está resgatando da nossa querida avó Maria do Carmo, e agradeço também a todos os irmãos da Casa Senhora do Carmo que mantém essa Casa cada vez mais fortalecida mantendo o legado de bondade de vovó.
Forte abraço. Raul.
Realmente, relendo este texto enviado pelo Raul, fica muito evidente a dor da saudade que ainda perdura até aos dias atuais. Eu mesma ainda me recordo quando ela adoeceu, (sofreu um Acidente Vascular Cerebral-AVC). Pude assistir ao desespero da grande maioria dos médiuns e dos frequentadores da Casa, a tristeza era imensa. Isso ocorreu no primeiro trimestre do ano de 1962 e, em decorrência, ela passou a usar cadeira de rodas. O mais fantástico, e disso me recordo bem, mesmo com as limitações na fala e no andar, ela estava sempre a sorrir, a comandar a Casa e, principalmente a receber Paraguassú para que ambos dessem continuidade às suas tarefas. Lembro-me de vê-la em sua cadeira de rodas a verificar e acompanhar as demais atividades da Casa.
Quando foi necessário o seu afastamento sendo conduzida para a Casa de seu filho, houve um silêncio profundo, médiuns e assistência sentiram-se órfãos.
Era muita tristeza! Todos rezavam e pediam o melhor para ela.
Quando desencarnou deixou marcado em sua face um discreto sorriso de paz e de sabedoria. Assim dizia (no silêncio da partida): Dever cumprido!
Após o falecimento de Dona Maria, o seu filho Raul assumiu a responsabilidade de comandar a Casa Senhora do Carmo. Segundo fontes, sua atuação caracterizou-se por uma dedicação exclusiva na qual manteve rigorosamente, todas as atividades sociais e religiosas implantadas por Dona Maria.
Durante muito tempo, Raul foi o único baluarte da Instituição fazendo uso de seus próprios recursos financeiros na manutenção predial.
Com muita força e seriedade garantiu à população carente que acorria à casa, desde o tempo de sua adorada mãe, toda assistência material.
Perpetuou o nome e a grandeza da Casa Senhora do Carmo deixando o mesmo legado de sua mãe: Fraternidade, Caridade e Amor ao Próximo.
Após algum tempo, passou a gestão da Casa para outros Servidores, não sem antes deixar garantida a permanência da mesma até aos dias atuais, fazendo-a proprietária legal de si mesma.
Sempre acompanhado pelo bisneto de dona Maria, o jovem Rodrigo, conduziu-a com o mesmo amor de sua mãe Dona Maria do Carmo.
O Corpo mediúnico deixado por ela foi mantido por Raul e incentivado a permanecer dando continuidade ao que já era praticado.
—————————————————————————————————————————————————————————————
Aí estão, meus queridos amigos, um pouco da história desta mulher grandiosa e de coração maior que ela, cujas lembranças perduram até aos dias atuais nos estimulando a continuar sempre o seu legado de amor e de fraternidade. Que jamais nos esqueçamos de seus exemplos e que sejamos merecedores de nesta Casa permanecer a tentar repetir-lhes os exemplos.
Apenas como complementação, temos algumas informações referentes à entrada de Dona Maria na Umbanda.
Soube através de conversa com meus pais, que em meados do ano de 1940, dona Maria uma jovem senhora, mãe de três lindos filhos, duas meninas e um menino, casada como Sr. Alcebíades Cabral, residente a Travessa Um, Santa Rosa ( hoje Travessa Nossa Senhora do Carmo), católica praticante, passou de um dia para outro a caminhar como se muito idosa fosse, ou seja de forma encurvada e falava um português mal pronunciado. Esses episódios se repetiram por várias vezes até que consultando um médico, foi orientada a procurar um Centro Umbandista.
Assim, o Sr. Alcebíades a levou à Casa de Thiago no Bairro do Gragoatá em Niterói (esta Casa existe até hoje). Lá foi carinhosamente recebida e passou a integrar o seu quadro de alunos da Escola de Médiuns. Muito rapidamente, incorporou um Espírito que se apresentou com o nome de Paraguassú, um escravo que informou que ali estava para cumprir uma missão junto a sua filha de muitas encarnações. Aceito, ambos foram orientados nos moldes ritualísticos daquela Casa de Caridade até que em dado momento, se apresentou uma Entidade de nome Pedro Kerjan e informou que ambos, médium e entidade, já se encontravam em plenas condições de criar o seu próprio Centro Espirita. Então, em 02 de janeiro de 1942, foi fundada a Tenda Espiritualista Umbandista Nossa Senhora do Carmo, hoje carinhosamente chamada de Casa Senhora do Carmo.
Mais uma vez em conversa com o Sr. Raul Cardozo (bisneto de Dona Maria), solicitei que me fossem enviadas algumas informações a respeito da descendência deixada pelo casal Alcebíades e Maria do Carmo. Eis o que me repassou:
Alcebíades Cabral Cardozo–Maria do Carmo Figueiredo Cardozo
Filhos:
- Maria dos Anjos, casada com Aristelino Costa (ambos falecidos), pais de Luiz Renato Cardozo (falecido)
- Nair (desencarnada), mãe de Maria Luiza Cardozo (não soube informar se ainda está encarnada)
- Raul Figueiredo Cardozo, casado com Maria Madalena Pereira Cardozo (ambos falecidos), pais de Fernando Pereira Cardozo e de Raul Pereira Cardozo.
Bisnetos:
- Do neto Raul Pereira Cardozo casado com Maria Adelina Erthal Cardozo, nasceu Fernando (falecido) e Rodrigo Erthal Cardoso.
- Do neto Fernando Pereira Cardozo veio os bisnetos: Juliana Cardoso, Mariana Cardoso e Raul Figueiredo Cardoso.
Tataranetas:
- Do bisneto Rodrigo Erthal Cardoso veio duas tataranetas: Maria Eduarda Alves Erthal Cardoso e Giovanna Pereira Erthal Cardoso.
- Da bisneta Fernanda Erthal Cardoso Barcelos, veio duas tataranetas: Maria Fernanda Erthal Cardoso e Maria Clara Erthal Rosa.
————————————————————————————————————————————————————————————–
Em anexo a este texto estão:
- Fotos da inauguração da Casa:
- Fotos de algumas atividades da Casa a época de Dona Maria:
- Exemplar original e outro atualizado do Livro “As Cinco Vidas de Paraguassú”, escrito por psicografia entre Paraguassú e dona Maria do Carmo:
- Prece de Nossa Senhora do Carmo:
- Fotos de jornais publicados pela Casa Senhora do Carmo:
Exemplares de jornais dos meses de março, junho e julho/2006
Exemplares de jornais dos meses de agosto, outubro/2006
e
julho-agosto-setembro/2011
- E nossa comunicação/informações sobre a Casa nos dias de hoje acontece através de nossas redes sociais: